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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

SEGUNDA SEMANA DE AULA


SEGUNDA SEMANA DE AULA
Por: Bruno G. G. da Costa

Nos reunimos no ginásio de alumínio, hoje com a presença de alguns alunos novos, estrangeiros e alguns que conseguiram vir pela primeira vez nesta semana. Fomos apresentados aos monitores da disciplina, Alan e Luiz Eduardo, e iniciamos a aula com uma conversa sobre a origem da capoeira e a história da miscigenação étnica e cultural única que constitui a formação do povo brasileiro. (Darci Ribeiro) Para complementar a revisão desta história, a capoeira da ilha, foi utilizado livreto da "Nova cartografia social dos povos e comunidades tradicionais do Brasil, nº 18", distribuído pelo professor para a turma, cujo título é a Capoeira da Ilha Florianópolis, Ilha de Santa Catarina. Foram lidas duas falas do Mestre Pinóquio pelo professor, a fim de esclarecer alguns temas. A primeira: “E a capoeira que foi forjada aqui, pelos nossos antepassados, que culminou em tudo isso, a capoeira é o que na verdade? É nossa identidade, nossa cultura(...) A capoeira é embate ao sistema, a escravidão tá aí... ela não acabou, mudaram o cenário... não tem mais chibata, mas tem! O cara recebe o salário no final do mês mal da pra pagar o porão. (...) Ser capoeirista é ser do contra, é literalmente do contra, aquilo que tá ali já montado, pra nos fazer calar e não ter vez nem voz.” E “Tem o cara que vive, ele tem a capoeira como uma filosofia de vida, que é o meu caso... Eu consegui enxergar a minha identidade, eu consegui me situar no mundo através da capoeira. Quando eu comecei a treinar, a conhecer outras pessoas, e a ler e a me instruir, pude perceber que toda história contada nas escolas são histórias contadas da perspectiva do opressor, são histórias fraudulentas, mentirosas, todas as histórias, que são poucas que eu conheço, mas que até fui, li e conheci, começando pelo próprio vaticano que eram os próprios escravocratas (...). Acho que um dos papéis fundamentais da capoeira é isso, é dar caminho, é elucidar, porque o sistema nos faz tornar pobres, burros, ignorantes, escravos, e a capoeira não, a capoeira diz que tu tens uma força, tu tens um espírito, tens uma arte, tu és gente.” Na parte prática, os alunos que já haviam feito aula se revezaram na dinâmica do professor para gingar com os alunos que estavam tendo o primeiro contato com a técnica. Após alguns momentos de exercícios de ginga, aprendemos a nossa primeira acrobacia, a "parada de mão". Os cinco fundamentos que iremos aprender este semestre são: ginga, esquivas, golpes, negaças e acrobacias. Logo mais o professor passou a esquiva e a meia lua, e também praticamos revezando com os alunos novos. O próximo movimento aprendido foi um contragolpe da meia lua, que se caracterizou pela esquiva ao receber a meia lua, e com um movimento apoiado na mão da esquiva, se soltava outra meia lua em resposta. Houve dificuldades de se fazer a esquiva, principalmente na questão de fazer esquiva para o lado correto, não indo de encontro com o contra golpe do colega, mas logo houve melhora, quando o movimento já estava ficando um pouco mais consciente e pudemos sentir os momentos que estávamos errado, ou trocando pernas e  braços. Durante esta pratica, o professor também nos ensinou sobre uma posição entre a esquiva e o contragolpe, e a importância de sempre olhar para o adversário. A posição consistia de uma passagem, onde ficaríamos com os dois pés apoiados no chão, abertos, e nosso tronco deveria estar a frente e abaixo da linha do quadril, de maneira que pudéssemos observar o adversário por entre as pernas, nos orientando para a continuação do movimento para um lado mais seguro. O ultimo movimento foi uma rasteira, contra o chute martelo, e uma saída da rasteira logo em seguida. O chute martelo é um chute lateral, podendo ser feito lateralmente desde a perna no chão ou então com a flexão de quadril, redirecionando o golpe a partir de então. O contra golpe se caracteriza pela movimentação na direção contrária a do martelo, aproximando-se do adversário, com uma defesa contra o chute e levando a outra perna (não a utilizada no movimento) de encontro a perna de base do adversário, que logo passaria o peso para a perna que chutou a fim de evitar uma queda. Após um breve exercícios destes movimentos, jogamos com nossos colegas utilizando os movimentos que aos poucos vão sendo incorporados. Quer dizer que pelo treinamento o nosso corpo vai aprendendo e desenvolvendo novas técnicas corporais, que assim podem ser realizadas de forma natural, com mínimo de esforço. Em uma roda final, o professor explicou sobre a importância de sempre jogar com atenção e a origem combativa da capoeira, e a lição para estarmos sempre alertas, atentos á qualquer perigo em potencial, nunca de guarda baixa, valorizando a reação e a visão, sempre procurando preservar a própria integridade, e na medida do possível a dos demais.

Quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Começamos a aula com o aquecimento jogando uns com os outros. O jogo é um momento único, entre dois capoeiristas que usam os movimentos que sabem, ginga, golpes, esquivas, negaças e acrobacias a fim de vencer uma luta, mas sem necessariamente ter que ferir seu adversário, e mesmo assim sempre mantendo-se alerta e preparado, escapando dos ataques e contra-atacando até que alguém interrompa ou por algum outro motivo o jogo se encerre. A medida que fomos esquentando alguns fundamentos foram sendo lembrados e praticados (esquiva, meia lua, martelo, rasteira, meia lua de compasso, etc.) até que o professor começou a passar novos exercícios. Nesta aula aprendemos mais uma acrobacia, o Aú, que foi iniciado com uma "estrela" em exercícios de cruzar a sala e voltar, com adições de dificuldades, como a visão sempre a frente, ou então com o colega. O movimento na realidade consiste em uma parada de mãos em movimento para algum dos lados, seja para escapar de algum golpe ou confundir o adversário, preparando um ataque ou simplesmente utilizado como locomoção. Percebemos que ao ver parecia simples, mas a tontura e o equilíbrio realmente fazem do exercício um desafio.
Aprendemos também um movimento novo de defesa, ao esquivar da primeira meia lua do adversário, faríamos uma segunda e terceira esquiva para duas meia luas seguintes. Após esquivar da terceira meia lua, o adversário ao golpear um chute frontal, faríamos um movimento em uma base média, com joelhos flexionados e tronco inclinado para frente, com os braços cruzados para baixo à frente do corpo, a fim de parar o chute entre os dois antebraços. Quando o chute e os antebraços tivessem contato, não haveria resistência, e a força do chute faria com que nos movimentássemos para trás, “caindo” com um pé de apoio e outro à frente, estendido, que utilizaríamos para fazer a base apoiado também na mão contrária a esta perna. Em um movimento trazendo a perna estendida para próxima a de base flexionada, faríamos um movimento de pivô com este pé para nos levantarmos sempre olhando para o adversário e sabendo sempre qual o lado mais seguro. Foi provavelmente a movimentação mais complexa que aprendemos desde o início das aulas, e todos tiveram muitas dificuldades, então acabamos por ficar praticando este exercício durante a maior parte do tempo de aula. Fizemos também alguns movimentos próximos ao chão, não podendo se levantar. Nestes exercícios tivemos que cumprimentar os colegas utilizando os pés e depois praticar a meia lua com a esquiva angola, e também jogamos nesta altura. Ao final da aula, foi organizada a roda, na qual conversamos sobre as aprendizagens e observações das aulas, fizemos um resfriamento através de alongamento e exercício de respiração, os alongamentos já foram voltados aos membros inferiores e tronco, determinantes nos movimentos utilizados durante as nossas práticas. Fizemos alongamentos em duplas e um exercício de respiração em duplas, que consiste em um dos colegas deitado em decúbito ventral, e o outro colega em pé sobre ele, ajudando-o na expiração pressionando suas costelas com as palmas da mão, favorecendo a saída do ar pela compressão da caixa torácica. Após alguns ciclos de respiração, o colega em pé massagearia as costas do colega deitado, que relaxaria a fim de voltar seu metabolismo a níveis de repouso. Ao final fomos avisados da programação da próxima semana, e sobre o material que deveríamos estar lendo.

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