Pelo acadêmico:
Thiago Kahl
Data: 24/09/2013
ACROBACIAS NO JOGO DE
CAPOEIRA
A identificação da Capoeira se dá, pela cultura do corpo no
jogo, sua gestualidade, e as várias formas de visualizações interpretativas que
os indivíduos têm ao participar de rodas de Capoeira. Para isso, tem-se que
levar em consideração o estilo do jogo que se subdivide em dois: Angola e
Regional; identificação e relação entre os camaradas; o espaço; as técnicas e
as dinâmicas de movimento do corpo e a sonorização. Atenhamo-nos
exclusivamente, neste contexto, aos estilos jogados. Eles representam a técnica
corporal reproduzida e utilizada nas rodas. Comparando-os, temos: O Angola, pelo Mestre Pastinha, conhecido
como a matriarca dos estilos, mas não o único. É o mais antigo, tradicional, jogo
mais baixo e lento (porém rápido e alto ou no meio, quando necessário), lúdico
e com malícia, mandinga, cheio de misticismos e malandragem, praticado principalmente
pelos que vivem a margem entre os mais pobres. Porém, com forte relação com as
elites culturais baianas. O Regional,
criado pelo mestre Bimba, é ensinado por meio de uma metodologia baseado nas
sequências, introduz os uniformes e cordéis, o jogo passa a ser mais rápido e
utiliza-se de outras lutas para se tornar mais eficiente, contemporâneo, jogo
alto, jogo de branco de classes sociais médias e altas (mas se faz presente
também nas classes mais baixas), descaracterizado das raízes, mais agressivo e
violento.
Às vezes essas formas de expressão corporal não são usadas em
conjunto. Elas possuem suas particularidades, transmitindo sua originalidade,
dando abertura ao preconceito. Mas não levemos em consideração estes quesitos.
Permaneceremos na ideia de desvendar os diversos movimentos advindos dessas
divergências, [...] “identificando formas de uso do corpo, modificações da
gestualidade no jogo da capoeira, reconstrução de seus símbolos e de seu
sentido social.” [...]
Era aqui que queria chegar. Explicar um pouco da história e
estilos de jogos dessa belíssima arte que há anos nos envolve com sua magia
única e exclusiva, capaz de penetrar na alma de quem, visualmente, perde um
pouquinho do tempo para prestigiar, participar e fazer daquele momento, um
privilégio adquirido.
Foi no dia dezenove de setembro de dois mil e treze, na
Universidade Federal de Santa Catarina, no Centro de Desportos, na aula
teórico/prática de Teoria e Metodologia da Capoeira que o professor Fábio
Machado Pinto explicitou sobre as acrobacias.
Teve que se utilizar de acrobacias mais simples em determinado tempo porque viu
que a turma não se atrevia ou que a complexidade de execução teria pegado todos
os alunos. Alguns conseguem, outros nem tanto. Admiro muito e tudo, em todos os
sentidos, tratando-se da Capoeira.
Acho incrível a coordenação, a força de membros inferiores, a
flexibilidade que os mais habilidosos têm e a facilidade com que fazem as
acrobacias. Provável que falte um tanto para que eu consiga chegar ao topo em
que estão, porém, tudo isto é treinável. Disciplina é o que há! Ao que estava
dizendo anteriormente, o professor retornou a explicar sobre o aú aberto e fechado, simples, muito
simples (para mim). Utilizou muito o trabalho em duplas para maior facilitação
e familiarização ao movimento. Os parceiros se ajudavam. O ensino-aprendizagem
variava de um nível moderado a um moderado a alto. Logicamente, ninguém é de
ferro. Falou e demonstrou a parada de
mãos com dois (de mãos) e três apoios (de cabeça). Por fim, o aú canivete ou simplesmente canivete deu trabalho. Uma que o peso
do corpo fica em cima apenas de uma mão, apavorando aqueles que nunca viram ou
fizeram este movimento.
Conclui-se que: “Não se deve fazer um jogo só de acrobacias,
pois se perde o sentido real do jogo”, estas foram as palavras do professor
Fábio, vulgo Bagé que ficou como um ponto de partida e reflexão quanto ao que
fazer dentro de uma roda. As acrobacias servem de fuga, para mostrar
resistência, para enganar o adversário, etc. Então se busca ter o equilíbrio
entre elas, diversificando o jogo e saber quais delas colocar em prática
durante a ação, que muitas vezes, é inesperada dentro de uma roda e não se sabe
o que fazer.
Referências:
NEVES, J.C. e DIAS, NUNES. Narrativas do corpo e da gestualidade no jogo da capoeira. Motriz,
Rio Claro, v.16 n.3 p.620-628, jul./set. 2010.
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